Sobre “Educação, tecnologia e ficção: da distopia à esperança”

No último dia 24 de abril, no Auditório Anchieta, foi lançado o e-book “Educação, tecnologia e ficção: da distopia à esperança”, com abertura do Decano do CTCH, Prof. Júlio César Valladão Diniz, em mesa composta pela professora Giselle Ferreira (coordenadora do PPGE e do Grupo de Pesquisas sobre Discursos da Educação e Tecnologia – DEdTec), organizadora do livro, juntamente com os professores Márcio Lemgruber (UFJF) e Thiago Cabrera (PUC-Rio).


Os capítulos estão organizados em ordem cronológica de lançamento ou publicação das obras. O primeiro trata do romance “Frankenstein”, da escritora inglesa Mary Shelley, considerado uma obra fundante da literatura gótica vitoriana e da ficção científica moderna. Márcio Lemgruber discute como Frankenstein povoa nosso imaginário como uma criatura violenta e monstruosa, primordialmente como a encarnada pelo ator Boris Karloff, no filme da década de 1930, dirigido por James Whale.

Na sequência, Thiago Cabrera explora o filme “Metrópolis”, do diretor alemão Fritz Lang (1927), aclamado como o primeiro filme de ficção científica na história do cinema e, ao mesmo tempo, considerado ingênuo e excessivamente marcado por simbolismo religioso. Cabrera examina aspectos relativos à construção do filme em articulação com questionamentos de fundo filosófico.

No capítulo 4, Camilla Borges e Cíntia Barreto discutem sobre o livro “Admirável mundo novo”, de Aldous Huxley (1932). As autoras buscam, a partir de uma “metáfora psicotrópica”, refletir sobre a (nossa) humanidade e as transformações provocadas pela tecnologia no admirável (?) mundo novo em que habitamos hoje, explorando, especialmente, os reflexos dessas mudanças na educação.

No capítulo 5, Ana Cristal Barroso Pereira discute “Fahrenheit 451”, de Ray Bradbury, focalizando a aceleração do tempo e a desumanização. A autora enfatiza aspectos centrais da contemporaneidade, sobretudo, da educação durante a pandemia de Covid-19, e destaca o anestesiamento televisivo a que a sociedade em Fahrenheit é submetida, enquanto os livros são queimados por seu potencial de causar reflexões e infelicidade.

O capítulo 6 explora “2001, uma odisseia no espaço”, de Stanley Kubrick. Giselle Ferreira escreve sobre dois elementos: o enigmático monólito e a trilha sonora. Explorando o entrelaçamento entre o visual e o sonoro, o capítulo oferece uma leitura do filme como uma potente tessitura multimodal, questionando a noção de que se trata de uma representação de alguma forma de determinismo tecnológico.

O capítulo 7 versa sobre o filme “Blade Runner, o caçador de androides”, dirigido por Ridley Scott (1982). Contrastando humanos e replicantes em suas diferentes representações e posturas diante da vida, Luciana Sucupira discute a importância das memórias e das emoções para a definição de identidade e reconhecimento de humanidade, articulando esses questionamentos com ideias de Paulo Freire a respeito do papel da história, da memória e das emoções dos estudantes na construção do conhecimento.

Completando a coletânea, Carla Lima e Kadja Vieira discutem, no capítulo 8, sobre “Autofac”, episódio da série Electric Dreams, baseado em contos de Philip K. Dick, escritos durante as décadas de 1950 e 1960, que refletem temores específicos às tecnologias e à geopolítica de sua época. O texto trata de como a visão solucionista das tecnologias digitais na educação contribui para a sustentação de uma escola cada vez mais moldada à semelhança de uma indústria.

O e-book pode ser baixado gratuitamente no site da Editora PUC-Rio.

 

Texto adaptado da apresentação do livro e revisado por Mirna Juliana Santos Fonseca.

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