Letramento matemático: um mergulho nas exposições sobre a Amazônia e sobre a História do Dinheiro

Estudamos matemática não apenas para dominar fórmulas ou resolver problemas específicos, mas também para desenvolver a reflexão, a criticidade e a argumentação, expandindo conceitos que nos ajudam a ler e a pensar sobre o mundo que nos cerca.

Em tudo o que fazemos, todos os dias, há uma quantidade enorme de conceitos e operações matemáticas que estão diretamente ligados às nossas rotinas, ao que gostamos, ao que lemos, ao que compramos, ao que comemos, aos lugares por onde passamos, às redes sociais às quais nos conectamos e, inclusive, nos permitem entender o espaço social onde nos inserimos – como estamos agindo e sendo influenciados por ele.

Nessa perspectiva, vamos aperfeiçoando a condição de sermos letrados matematicamente, ao desenvolvermos uma compreensão mais aprofundada dos princípios matemáticos e saber como aplicá-los em situações do mundo real, entendendo a sua função social.

Esse foi o objetivo da aula de campo ocorrida no dia 13 de abril, no Centro Cultural do Banco do Brasil, com as alunas da disciplina Teoria e Prática da Educação Matemática II (3º período do curso de Pedagogia), ministrada pela Profª. Simone Oliveira. A partir da visita às exposições “Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak” (com registros das nações indígenas Yanomami, Xavante, Krikati, Gavião, Yawanawá, Huni Kuin e Ashaninka); e “Do sal ao digital: o dinheiro na coleção do Banco do Brasil”, as alunas voltaram-se para responder questionamentos vinculados às temáticas discutidas em sala de aula, a partir das observações e registros realizados ao longo das duas exposições.

Algumas das estudantes que participaram desta aula de campo fizeram um breve relato sobre a atividade no CCBB:

A aula de campo abriu minha cabeça sobre como a lógica matemática está presente até onde nem imaginava. Ao ver a exposição sobre as diversas tribos de povos originários, percebemos a “matemática” presente também no cotidiano deles, baseado em como era dividido o tempo diário em atividades de acordo com a luz do dia. Reconhecemos os traços da geometria e o uso prático […] para a criação de tecidos, colares, lanças, arco e flecha, construções de canoas. A matemática estava presente ao preparar a mandioca e a culinária de cada tribo e também na relação harmoniosa que eles demonstram com a natureza e beleza ao seu redor. (Antonia Fontes)

Na interseção entre arte e matemática, a nossa aula de campo no CCBB proporcionou uma experiência fascinante. Com o nosso olhar mais atento, contemplamos obras que iam além da estética, e que revelaram padrões, proporções e conceitos matemáticos subjacentes. Fiquei muito surpresa principalmente como o letramento matemático transformou a minha experiência na exposição do Krenak. Foi muito surpreendente capturar conceitos matemáticos naquelas belas fotos! (Ana Paula Fonseca)

A aula de campo abriu meus horizontes para enxergar a matemática para além de números e contas. Na exposição de povos originários, podemos ver vários padrões, tanto na natureza quanto em artefatos produzidos por materiais orgânicos. Nas imagens de cerimônias, pode-se perceber diferenças entre acessórios utilizados pelas pessoas presentes, dando ideia de hierarquia. Em outras fotos, os indígenas se posicionavam em ordem crescente de acordo com as fases de vida. Outro fator perceptível eram as imagens que conseguiam mostrar com clareza a ideia de profundidade. Mostrando pessoas em diferentes atividades e em distâncias diferentes. Foi muito interessante fazer o exercício de enxergar além da arte e destacar conceitos matemáticos nas obras. (Nathalia Barbieri)

A nossa aula de campo foi muito boa e a exposição que mais me chamou atenção foi a exposição do Krenak, os indígenas Kricatije. Porque durante a observação das fotografias que mostravam as danças e os corpos pintados de jenipapo e urucum que seguiam padrões da natureza, mostraram as diferentes formas de representação desta. Foi muito interessante e novo, pois o olhar não foi apenas de gostar do que se vê, mas associar à matemática, a qual está de forma explícita, já que ela está além dos números, mas presente nas coreografias padronizadas por exemplo e a sincronização dos movimentos durante a dança. Foi muito bom! (Yasmim de Oliveira)

Estiveram presentes na atividade as estudantes: Dayane Bertoldo, Leila Santos, Maria Eduarda Figueredo, Milena do Nascimento, Sofia Richard, Thamires Costa e Yasmin Gomes.

Além de toda a riqueza cultural, identitária e das contribuições para a formação inicial no campo da Educação Matemática, a experiência pôde viabilizar, também, um olhar mais ampliado quanto às diferentes possibilidades de ensino e de aprendizagem em espaços educativos não formais, bem como estes espaços são ricos em dados, situações, interações e informações que dialogam e contribuem com a alfabetização e o letramento matemático, sobretudo nos anos iniciais do ensino fundamental.

Texto: Simone de Miranda Oliveira Franca

Produção e revisão da notícia: Mirna Juliana Santos Fonseca

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