O cobogó e a Educação na PUC-Rio

A imagem-conceito do Departamento de Educação da PUC-Rio emerge da reformulação de seu site. Visa, sobretudo, expressar o modo como nos reconhecemos enquanto coletivo acadêmico que tem por moto pensar a Educação no Brasil. A inspiração para nossa identidade visual vem do cobogó, o elemento arquitetônico que separa e inclui, produz sombra deixando a luz penetrar, barra o vento ao deixá-lo passar, esconde e revela. Genuinamente brasileiro e de inspiração estrangeira, o cobogó guarda ainda uma indefinida, e por isso mesmo fascinante, biografia. As fontes históricas, de modo geral, não colocam em dúvida a informação de que esses módulos vazados tenham sido desenvolvidos pelo português Amadeu Oliveira Coimbra, pelo alemão Ernest August Boeckmann e pelo brasileiro Antônio de Góis, de cujas duas primeiras letras de seus últimos nomes – Co, Bo e Gó – deriva a designação. Mas o consenso não permanece quando se trata de definir seu locus de criação. Algumas fontes reivindicam que o cobogó teria sido desenvolvido em Pernambuco, mais precisamente no Recife. Outras fontes, diferentemente, afirmam que o cobogó teria sido criado pelo mesmo trio durante uma missão aos Emirados Árabes. Este último dado não causa estranheza, uma vez que o elemento arquitetônico brasileiro, como também se reconhece, remete ao muxarabi, elemento da arquitetura arábe que recobre janelas e vãos com propósitos análogos aos do nosso cobogó. 

Os tensionamentos e trânsitos que materializam o cobogó, permitem acompanhar os movimentos que compõem nosso Departamento. Nos últimos anos, viemos passando por uma renovação importante, renovação que coloca em conversa não apenas professores de diferentes gerações acadêmicas como agrega novos interesses e áreas de pesquisa às investigações conduzidas por nossos corpos docente e discente. Como o cobogó que parte de uma forma tradicional – o muxarabi – para narrar o Modernismo na arquitetura brasileira, em especial a partir de seus usos como feitos por Lúcio Costa, as inovações produzidas entre nós não resultam da produção do novo enquanto ruptura ou disrupção, mas sobretudo como exercício de criatividade que se faz incondicionalmente a partir do que encontramos no mundo, do que nos é legado. É assim, por meio de um oscilar entre tradição e invenção, que seguimos assegurando a identidade do Departamento de Educação da PUC-Rio, tomando-a como não fixa mas nem por isso desenraizada. 

Vemos assim que a porosidade do cobogó – barra o vento ao deixá-lo passar – fala não apenas de nosso coletivo mas remete ainda ao conceito poroso de Educação que vemos emergir de nossas pesquisas. Uma educação que acontece na escola, mas também fora dela; que não está superposta à escola, mas a extrapola. Tornando possível abordar a formação de professores, alunos e aprendizes e a história de suas formações; as políticas públicas mas também as micropolíticas. Micropolíticas do espaço escolar, da sala de aula e das aprendizagens não escolares, que acontecem nos museus, nas ações comunitárias, nas ruas, nas praças, nas oficinas, nas casas. Permitindo incorporar novos temas de pesquisa ao mesmo tempo em que reiterando sua importância para o campo da educação, como gênero, raça, corpo, arte, estética, tecnologia, entre outros. 

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